terça-feira, 30 de agosto de 2011

ENTREVISTA ROBERTO SHINYASHIKI NA REVISTA ISTO É

O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.

ISTO É: Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki: Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

ISTO É:
O Sr. citaria exemplos?
Roberto Shinyashiki: Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito "100% Jardim Irene". É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTO É:
Qual o resultado disso?
Roberto Shinyashiki: Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTO É:
Por quê?
Roberto Shinyashiki: O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTO É:
Há um script estabelecido?
Roberto Shinyashiki: Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente
de multinacional no programa O aprendiz? "Qual é seu defeito?" Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: "Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar". É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse: "Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir". Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

ISTO É:
Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Roberto Shinyashiki: Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.

CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS - Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTO É
: Está sobrando auto-estima?
Roberto Shinyashiki: Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTO É:
Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Roberto Shinyashiki: Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: "Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham". Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTO É:
O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Roberto Shinyashiki: Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTO É:
Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Roberto Shinyashiki: Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: "Quem decidiu publicar esse livro?" Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTO É:
Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Roberto Shinyashiki: O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTO É:
Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Roberto Shinyashiki: A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe! Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: "Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz". Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

Entrevista concedida à Revista "Isto É" ao Repórter Camilo Vannuchi

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O que não dizer para seu chefe

Max Geringher

Quem não tem um chefe chato já teve, e quem não tem e nem teve, um dia vai ter. Chefe de verdade é aquele que manda pelo prazer de mandar. E os chefes não são assim porque têm algum trauma de infância mal curado. Eles são assim porque são chefes. A primeira regra de sobrevivência em qualquer empresa é nunca falar mal do chefe. Por pior que ele seja. Então, pensando no bem geral dos subordinados em geral, eu fiz uma pequena pesquisa com cinco dos piores chefes que conheci na vida. Chefes que não aparam os pelinhos do nariz e deixam a cutícula crescer até ficar maior que a unha. Pedi que eles me dissessem quais são as cinco coisas que eles menos gostam de ouvir de seus subordinados. Para minha surpresa, as respostas foram muito parecidas. Então, aqui vão cinco maneiras práticas de irritar o chefe.

É urgente?
Posso interromper?
Chefe, temos um problema.
Estamos fazendo o possível.
Veja bem.

Aliás, qualquer frase que comece com “veja bem” raramente vai para algum lugar. Um dos chefes me disse que a única frase pior que “veja bem” é “com certeza”, porque só responde com certeza quem não tem certeza.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Brasil é o segundo no ranking mundial de geração de spams

De acordo com o Relatório da Symantec sobre Spam publicado em setembro, o e-mail não desejado representou mais de 87% do todo o correio eletrônico a nível mundial, o que comprova a importância das empresas estarem mais conscientes sobre o dano potencial a que estão expostas e fortaleçam as medidas tecnológicas e políticas internas para evitar que isso afete seus funcionários e parceiros de negócios, além de por em risco a operação do seu negócio.Vale mencionar que Brasil (12%), Colômbia (2%) e Argentina (2%) ficaram entre os dez primeiros lugares da lista mundial de países que geraram mais spam ou mensagens não desejadas durante o mês passado. Se a Argentina e Brasil figuraram na lista do mês passado, a Colômbia está entrando pela primeira vez nesse ranking.




Entre as tendências que a Symantec identificou durante o mês de agosto está o fato de que as pequenas empresas, também afetados pela crise econômica, experimentaram uma diminuição de gastos por parte dos consumidores e, em conseqüência, aumentaram a quantidade de promoções, especialmente durante as férias de inverno, festividades e mudanças de temporada, situação que os spammers aproveitaram.Além disso, os spammers estão encontrando novas maneiras de evitar os filtros. Uma delas é uma técnica conhecida como “spoofing”, que cria uma URL muito similar ao de uma marca ou empresa conhecida para que os usuários entrem no site e forneçam seus dados pessoais.Outra forma dos spammers evitarem os filtros de spam é por meio do uso de palavras e expressões comuns, como saudações (“Olá” e “Como vai”) e notificações de erros (como “Mensagem devolvida, Erro”).

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Como escolher um notebook

Essa dúvida vem à tona na hora de trocar o notebook antigo ou de adquirir o primeiro equipamento. Principalmente neste momento em que os “netbooks” tomaram conta do mercado, ocupando um lugar fronteiriço entre os antigos palm-tops e os sofisticados notebooks modernos. Qual a configuração ideal ? E o tamanho da tela ? O peso influi na facilidade de uso ? Ok. Vamos começar pelos aspectos ergonomicos. A tela precisa ter uma dimensão que permita a você enxergar bem, sem esforço, os textos impressos. Se você tem alguma dificuldade de leitura, escolha uma tela com 14 polegadas ou mais. Outra coisa: o teclado precisa ser confortável. Lembre-se que você vai conviver com ele por um bom tempo. Quanto ao peso, só deve ser preocupação para quem vive transportando o notebook para onde vai. Se não é o seu caso, esqueça. O peso não será tão importante. Agora vamos falar da configuração: 2 GB de memória minima são desejáveis, pois a memória influi na performance. Um disco fixo (HD) com 160 GB no mínimo. Wi-Fi - Rede sem fio é indispensável. Câmera de vídeo também é desejável. Pelo menos duas portas USB. O ideal são quatro, mas se precisar de mais, pode usar um benjamin USB. Leitor de cartões, para ler suas fotos e guardar sua agenda do celular. Leitor de CD e DVD ? Depende. Hoje você consegue baixar vídeos, músicas e software pela Internet diretamente no HD. Então, os leitores de CD e DVD só serão fundamentais caso você precise fazer demonstrações ou apresentações que estejam gravados nessas mídias. Ou se ouve seus CDs e assiste aos DVDs no notebook. Caso contrário são dispensáveis, até devido ao peso adicional a ser carregado. E existem unidades portáteis vendidas à parte. Depois disso vem os adicionais: Bluetooth, FireWire, Infrared, Porta de vídeo. Quanto mais, melhor, pois o notebook passou a ser uma central de mídia, e já se conecta com a TV e o Home Theater da casa. E uma bateria de longa duração, caso você utilize a máquina fora da tomada por muito tempo. E uma boa marca, um equipamento profissional, porque beleza não é sinal de qualidade. Muito pelo contrário.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Insondável Língua do C

Que cargo você preferiria exibir no cartão de visitas: CEO ou diretor-geral?? CMO ou vice-presidente de marketing? Por alguma razão inexplicável, a simples conjunção de três letrinhas parece fazer com que a primeira opção tenha mais importância senioridade e poder do que a segunda. Depois de Chief Executive Officer, a onda de executivos-chefe-de-não-sei-o-que vem se espalhando numa velocidade espantosa nos organogramas.
O resultado é muita gente perdida, sem entender o que esses profissionais fazem.
Para dar nome aos bois, ou melhor, aos cargos elaborei uma relação dos principais chiefs que estão por aí e possíveis explicações para a existência deles:

1) Estratégia – o profissional recebe o nome de principal executivo de alguma coisa – logística, por exemplo – para indicar tanto internamente quanto para o mercado que se trata de uma área absolutamente estratégica para a empresa. "Normalmente quem é chief sendo no conselho e tem peso de voto igual ao do CEO".

2) Globalização – ter um cargo que faz parte da terminologia corporativa mundial pode facilitar a comunicação entre empresa e profissionais.

3) Sim, status. Há donos de pequenas empresas se intitulando chief executive officers. Ou diretores de finanças que depois de colocar CFO no cartão, acreditam dar uma roupagem toda nova ao charmoso cargo de.......diretor financeiro.

CEO – Chief Executive Officer
Facilmente identificado, é o cara que manda em todo mundo – menos no chairmam (ou presidente do conselho) a menos que ele seja poderosíssimo e acumule as duas funções.
Pode ser chamado de principal executivo, presidente, superintendente, diretor-geral... As pessoas costumam fazer confusão quando a empresa tem os dois, CEO e presidente. Nesse caso a função do segundo é mais representativa.

COO – Chief Operating Officer
Seu nome é executivo-chefe de operações, mas você pode chamá-lo de braço direito do CEO. Enquanto o chefe pensa a estratégia, o COO cuida mais de perto da rotina do negócio.

CFO – Chief Financial Officer
Principal executivo de finanças

CHRO – Chief Human Resources Officer
Principal executivo de recursos humanos

CIO – Chief Information Officer
Era mais fácil identificá-lo quando ele era o único executivo responsável pelo planejamento e pela implementação da tecnologia no pedaço. Mas aí surgiu .....

CTO – Chief Technology Officer
.......e hoje há muita confusão. Em linhas gerais, o CIO cuida da estratégia por trás da tecnologia – como ele pode mudar a forma como a empresa faz negócios, enquanto o CTO comanda a arquitetura e a infra-estrutura dos sistemas. Há empresas com os dois profissionais.

CKO – Chief Knowledge Officer
Também chamado de chief learning officer (CLO), é quem administra o capital intelectual da empresa, reúne e gerencia todo o conhecimento da organização. Entende tanto de tecnologia e processos quanto de pessoas. É um sujeito-chave, por exemplo, nas consultorias.

CRO – Chief Risk Officer
O cargo surgiu quando empresas de todas as áreas, e não somente bancos passaram a se preocupar com a administração de riscos. Além de questões financeiras, o CRO avalia itens como estratégia do negócio, concorrência, legislação e problemas ambientais.

CMO – Chief Marketing Officer
Executivo-chefe de marketing certo? Na subsidiaria brasileira do BankBoston não é tão simples assim. Lá ele cuida também de novos negócios e Intenet.

CIO – Chief Imagination Officer
A fabricante de computadores americana Gateway tem um executivo-chefe de imaginação, responsável por promover a criatividade entre o pessoal.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Com certeza...

É apenas um desabafo... Não consigo mais ouvir alguém falar "Com certeza" pra lá e pra cá...

Com certeza, uma epidemia
RICARDO FREIRE

Você deve se lembrar da terrível epidemia de cólera que, há mais ou menos uns cinco anos, deveria arrasar o Brasil. A imprensa não falava em outra coisa: o cólera estava devastando o Peru, e sua chegada ao patropi era iminente. O ministro peruano da Saúde tinha ido parar no hospital devido a um peixe cru comido ao vivo na televisão - e o telespectador brasileiro ficava imaginando quais ministros brasucas mereciam sorte semelhante.
As donas de casa correram às farmácias em busca de um novo gênero de primeira necessidade, o esterilizador de saladas. Os restaurantes japoneses ficaram às moscas (mais ou menos como há duas semanas, durante a epidemia de boatos sobre o salmão) e quase foram à falência coletivamente.
Pois bem. Com toda a atenção voltada para o cólera, acabamos não reparando numa outra doença que insidiosamente foi se alastrando por toda a população. Naquela época ainda eram poucos os que sofriam desse mal - talvez muitos fossem apenas portadores assintomáticos. Hoje, não. Hoje pode-se dizer que se trata de um dos maiores problemas de saúde pública do país.
Estou falando da epidemia do "com certeza".
Confesse: você também está contaminado. A todo momento, sem nenhuma razão especial, você solta um "com certeza" como resposta afirmativa para qualquer coisa. É incontrolável. Você tomou café-da-manhã hoje? Com certeza. Lula vai discursar de improviso? Com certeza. Os juros vão continuar subindo? Com certeza.
Diferentemente de outras doenças de linguagem, o vírus do "com certeza" não foi espalhado por nenhuma novela ou campanha de publicidade. Nunca foi bordão de programa humorístico, nem frase célebre de algum político imexível. A única pessoa pública a usar o "com certeza" como marca registrada é a apresentadora Leda Nagle - mas um talk show diurno na TVE é pouco para que ela seja apontada como a única culpada. O "com certeza" simplesmente pegou.
Até antes da epidemia do "com certeza", os brasileiros tinham o maior repertório de respostas afirmativas do planeta:
- É.
- Foi.
- Vamos.
- Posso.
- Recebeu.
- Anrã.
O leque de possibilidades era tão grande que raramente a gente lançava mão da resposta afirmativa dos sem-imaginação, o "sim". Para que falar "sim" se a gente podia responder "gostei", "fui" ou "quero"? Mas agora isso é passado. Porque só sabemos responder "com certeza".
Se isso pelo menos fosse um sinal de que temos alguma certeza de qualquer coisa, tudo bem. Mas continuamos sem certeza de nada. Oitenta por cento dos "com certeza" que saem de nossa boca são puro chute. Vai chover amanhã? Com certeza. O trânsito está livre? Com certeza. Dá para chegar até a próxima cidade com essa gasolina? Com certeza.
Ainda não se sabe como o "com certeza" atua no cérebro - desconfia-se que se instale no sistema nervoso parassimpático, controlando todos os músculos involuntários -, mas existe o temor de que, dentro de poucos anos, o "com certeza" se transforme na única resposta que sejamos capazes de dar para qualquer pergunta.
- Você prefere os ovos fritos ou mexidos?
- Com certeza.
- Para onde você vai depois de amanhã?
- Com certeza.
- Qual é o seu nome?
- Com certeza.
Antes de isso acontecer, com certeza, já teremos perdido para sempre a palavra "não" - substituída, é claro, pela locução "sem certeza".

quarta-feira, 15 de abril de 2009

97% dos E-mails são spam

Foi esta a conclusão de um relatório publicado pela Microsoft, que analisou o tráfego de emails entre junho e dezembro de 2008. Existe uma grande flutuação no volume absoluto de mensagens, já que as botnets que costumam enviar enormes quantidades de spam são detectadas, desabilitadas, e novas são criadas. Entretanto, chegamos em um patamar que a vasta maioria é lixo.
Um dado interessante é o mapa mundial da taxa de infecção por malware. Vejam os países marcados em vermelho:



Enquanto a taxa global média de máquinas infectadas é de 8.6 a cada 1000, no Brasil e Rússia este número é três vezes maior. O artigo cita que no Brasil em particular muitas infecções são feitas através de emails que enganam o usuário a pensar que se trata de um email de sua instituição bancária. Os leitores do Meio Bit não são o público-alvo típico deste tipo de infecção, e é ai que mora o problema: na educação dos usuários leigos, que continuam clicando em qualquer coisa que recebem no e-mail. É muito difícil educar este tipo de usuário, que agora ainda por cima tem que se preocupar com arquivos .pdf também. Outros problemas específicos ao Brasil que posso citar: alta taxa de cópias piratas do Windows (que acabam não tendo suas atualizações de segurança instaladas automaticamente) e o uso de sistemas de email com defesa anti-spam e anti-phishing ruins, como o próprio Hotmail da Microsoft.